1) Gart, será que preciso desenvolver alguma habilidade que envolva conhecimentos em processos e gestão?
2) Não trabalho diretamente com a área de qualidade da empresa, será que faço parte do público para aprender sobre análise, melhoria ou gestão de processos? 3) Mas eu sou empreendedor, tenho uma startup de tecnologia, sou consultor, estudante, investidor, professor, médico, astronauta, executivo, militar… e a lista continua. 4) Afinal, para quem devemos desenvolver e oferecer os vastos e variados conhecimentos que envolvem o mundo da gestão por processos? Minha resposta-provocação inicial é: Você vive nesse sistema solar e no mesmo plano quântico que o restante dos seres humanos? Pronto. Você precisa entender de processos. Não importa sua área de atuação. Os processos permeiam, interferem e entregam tudo o que existe em nossa vida.Nada é feito sem que um processo exista para realizá-lo. Você pode até não reconhecer ou gostar deles, mas eles estão lá. Se você quiser ir além, pode até considerar o seguinte: Todo ser humano é produto de um processo de reprodução. Vamos pensar/lembrar juntos. Esse processo de reprodução envolve muitos subprocessos para seleção de seres humanos interessantes, centenas de horas de preparação, muito treino e alguns poucos e bem sucedidos minutos de execução. Não é verdade? Acontecido o marco da concepção, o processo continua por milhares de horas de desenvolvimento, preocupação e muito cuidado de todos os elementos envolvidos - e não são poucos. Então, quando uma série de requisitos mínimos são atingidos, o processo nos entrega um “Produto Mínimo Viável” de ser humano - chamado de Bebê (nosso MVP). Logo após o nascimento, ainda não está pronto o ser humano final, e eu gosto de acreditar que nunca ficaremos prontos, mas a chegada do bebê nesse ecossistema de negócio, dispara e cria uma infinidade de outros processos - todos interligados e acionados por eventos de uma vida sem script, mas regida por cenários conhecidos, outros nunca vistos, roteiros que gostamos ou não, mas que somos obrigados a aceitar e, se possível, adaptar. É o que chamamos de viver. Eu digo para você: Não importa qual a sua formação, seu conhecimento, seu desconhecimento, sua profissão ou ambição. Se quiser ter uma visão mais clara sobre o mundo que você vive, você precisa entender sobre processos. Saber analisar processos te habilita a ter mais clareza e conhecimentos sobre a vida em si. Conhecimento é - e sempre foi - sinônimo de poder. Poder que deve ser utilizado para um desenvolvimento mais consciente e equilibrado de nossa breve passagem por esse planeta. É entender melhor como a nossa própria vida é organizada, regida e direcionada por forças e elementos que nem sempre controlamos. Gostemos ou não, os serviços públicos que recebemos, os produtos que compramos, os serviços que assinamos, o tempo que gastamos nas filas, os trabalhos que realizamos, os planos que criamos, as estratégias que pensamos, tudo, sem excessão, pode ser entendido, definido, medido, analisado, melhorado e transformado quando entendemos de processos. Por mais que o mundo esteja cada vez mais “digital”, enquanto houver uma pessoa trabalhando, um pensamento a ser seguido, um entendimento a ser compartilhado, haverá também a necessidade de gerenciar. Não é possível ser um bom gestor sem conhecer processos. Pior ainda, não é possível ser um bom empreendedor sem entender de processos. A vida da empresa depende diretamente de como os processos são realizados e quais os seus resultados. Mesmo processos digitais são pensados, projetados, testados, medidos e avaliados. Não se engane, pois, por baixo de toda essa camada digital que vivemos nos aplicativos da vida, existem pessoas e processos que precisam de gestão. Enquanto tivermos utilidade no planeta, pela natureza incontrolável do ser humano, sempre precisaremos de engajamento, cultura, gestão e propósito. Somente no dia em que as máquinas dominarem o mundo é que pararemos de falar sobre processos… e de todo o restante, pois os sobreviventes estarão mais preocupados em não serem capturados pela Matrix ou pelo T1 do Schwarzenegger (sim, conferi no Google o nome dele). Portanto, exceto no cenário de estarmos vivendo em pleno Apocalipse IA (inteligência artificial), conhecimento sobre processos ainda vai te ajudar muito. Você será melhor investidor, professor, médico, corretor, dentista, psicólogo, construtor, sorveteiro, engenheiro, músico, gestor, político e o que mais você imaginar. Ah, antes que me esqueça, também me perguntam muito qual a formação ideal para ingressar no mundo de processos. Minha resposta é: Para aprender sobre processos é necessário ser uma pessoa interessada. Pode ser de humanas, exatas, 1º, 2º, 3º ou 4º grau. Existindo vontade, compromisso e perseverança para realizar, todos podemos. Conhecimentos e habilidades em processos nós desenvolvemos com observação, leitura, treinamentos e na vida prática. Ser protagonista do próprio aprendizado é um processo prazeroso, rico, desafiador e diário. Só desejamos que nunca chegue ao fim. Até quando você vai esperar?
2 Comments
Estava diante de meu software de mapa mental, matutando sobre alternativas para tratar de um desafio que tenho atualmente, quando divaguei… simplesmente, fui de vez!
Me desconectei do tema original e fluí lindamente por outras sinapses que, sem me consultar, sequestraram totalmente o meu foco inicial e lançaram-me no vazio da criação sem objetivo definido. Foi nesse momento que alcancei este breve estado de consciência (awareness) e, após retornar para a terra, decidi compartilhar com vocês. É algo mais ou menos assim: As dúvidas e desafios deveriam funcionar como gatilhos naturais para um pensamento mais abstrato, porém, a linha de montagem tradicional que forma um “adulto adequado” para o mercado, racionaliza e estreita excessivamente as divergências e ramificações de um positivo e inabitual pensamento mais livre e heterodoxo. Criamos um autoexílio para a terra do pensamento concreto/lógico. Sendo assim, e de maneira infalível, nossas repostas às dúvidas diárias estão impregnadas e limitadas - cada vez mais - à um número quase pré-definido de opções/soluções “lógicas, adultas e razoáveis”. Em nome da velocidade, da aceitação inquestionável e de uma pseudo-objetividade científica, perdemos gradualmente a liberdade pertinente à criatividade humana. Seguindo e segundo a escola de pensamento vigente, perdemos fluidez e maleabilidade, pois:
É uma grande armadilha criada e nutrida diariamente, não apenas para os liderados, mas igualmente para os líderes, pois, na maioria das vezes, são líderes de um status quo - os nossos confortáveis paradigmas pessoais, profissionais e coletivos. Vez em quando percebemos claramente que as zonas de conforto são, na verdade, zonas de estagnação. Estar na zona de conforto não equivale necessariamente a viver o desejado. Muitas vezes, é apenas o reflexo da tranquilidade ilusória que uma estabilidade qualquer nos traz. É humanamente possível sentir-se confortável vivendo as mesmas dores durante um longo período. Já são dores conhecidas…amigas de longa data. É tornar-se entorpecido pela constante pressão e complacente pela incapacidade de reação. O cachorro latiu. Fim da viagem espacial, ou melhor, “sinapsial”... voltando para o maravilhoso mundo da gestão organizacional. Qual a utilidade desse artigo? Ora, se você acredita que é livre em suas “ideias” e “escolhas”, pense outra vez. Existe uma enorme chance de estar apenas seguindo as trilhas e trilhos mentais, construídos lentamente durante a infância, no período de escola, com os amigos, com os pais, na faculdade, pelos chefes etc. São muitas as influências e isso é natural. Lugarcomumentefalandooobvio - em alemão seria assim a construção da palavra - somos produto do meio. O desafio é: Como reaprender a pensar de maneira mais livre e criativa? Não tenho resposta definitiva ou infalível, mas venho desenvolvendo um pequeno grupo de frente de batalha que me ajuda e pode te ajudar. Não, não estou vendendo fórmula de nada, nem 4397 hábitos infalíveis, ou qualquer coisa do tipo. Fique tranquilo. Apenas achei interessante compartilhar esse momento com os amigos profissionais, pragmáticos, analistas, lógicos, cientistas e outros loucos (eu inclusive) que, diariamente, vivem no mundo das certezas duvidosas e precisam apostar no futuro contando apenas com o presente e o passado. Ufa! Não é fácil. Mas, como num tratamento para qualquer vício, o estágio mais difícil é reconhecer e aceitar o problema. Só depois é possível avançar e mudar. Se você também sofre com as certezas diárias e respostas praticamente prontas e irrefutáveis sobre quase tudo, cuidado! Você pode ser “concretoelógico dependente”. The End. P.S. Se você leu até aqui, além de iluminado, merece um prêmio! Dicas:
Eu, principalmente, gostei muito de um quinteto que venho utilizando e deixo aqui o link para você baixar o modelo que é mutável e tem funcionado muito bem para a minha “libertação” diária de certos bloqueios - além de ajudar a progredir por demais (pessoal e profissionalmente). Siga este link para baixar o quinteto. Obrigado por ler e compartilhar essa mensagem com outros colegas. Abraços - Gart Capote Estamos vivendo um momento bastante peculiar em nosso país, não só pelas questões político-econômicas, mas também estamos enfrentando grandes desafios no âmbito das organizações. Por isso, quero falar com você sobre alguns pontos muito importantes em nosso cenário mais atual e para os próximos anos. Março de 2017, ainda estamos na segunda década de 2000 e, diariamente, testemunhamos grandes mudanças em negócios por todo o mundo. Em poucos anos de retrospecto, conseguimos destacar grandes transformações, tais como o surgimento do Uber, Netflix revolucionando a forma como nos relacionamos com a televisão, carros elétricos, carros autônomos, a preocupação com a sobrevivência de nossa espécie sendo pano de fundo para aplicação da economia circular, os modelos de compartilhamento e servicilização de produtos etc. Avaliar a evolução dos negócios nos últimos 6 anos é uma tarefa bastante enriquecedora e, obviamente, inspiradora para os próximos anos que virão. Porém, em nosso país, apesar de experimentarmos a modernidade e a evolução em muitas frentes, continuamos com alguns “pequenos detalhes” estacionados no século XIX e XX. Nosso serviço público continua precisando de muito esforço para melhorar e, um dia, se tornar algo minimamente aceitável. Nossa capacidade de trabalho continua muito aquém dos padrões de países desenvolvidos. Sofremos de perda de competitividade por fatores recorrentes e históricos, tais como, burocracia, desperdício, processos obsoletos e baixa qualidade ou confiabilidade em produtos e serviços. Essa constatação, imediata e fácil para qualquer pessoa, não tem a intenção de ser desanimadora ou ser um lamento. Pelo contrário. Escrevo isso para, mais uma vez, reforçar em nossa rede a necessidade de agirmos com seriedade, coragem e perseverança. Compilei alguns números recentemente e vou utilizá-los para orientar nossa conversa nesse artigo. No Brasil, atualmente, temos mais de 16 milhões de empresas ativas. Seria um número incrível, se todas estivessem em boa situação e em condições de sobrevivência e/ou crescimento. Porém, desse total, mais de 13 milhões é formado apenas por micro e pequenas empresas – que possuem alta taxa de mortalidade e baixa expectativa de vida. Sendo assim, nos resta pouco mais de 2.4 milhões de médias e grandes empresas – o que também é um número bem impressionante. Vamos utilizar esse valor para fazer uma pequena estimativa. Se cada média/grande empresa possui ao menos 10 profissionais que atuam diretamente na gestão organizacional (nível tático/operacional), de maneira bem realista, temos um universo de aproximadamente 24 milhões de profissionais atuantes na área. Se apenas 1 de cada 10 profissionais desse montante tiver interesse em se especializar em gestão por processos, teríamos, facilmente, mais de 2 milhões de especialistas (os CBPPs). Quando observamos o número de CBPPs atualmente no Brasil, percebemos que não alcançamos nem 0,05% do total possível. E a pergunta inevitável é, por que não? Depois de muito refletir sobre esse Gap, encontrei algumas questões e acredito que estamos pecando em diversos princípios. Sem querer me estender demais nesse post, vou elencar apenas 2 pontos que considero como principais para mudarmos esse resultado. Até agora, só falamos com profissionais de processos. Sim. Somos uma associação de profissionais de processos, mas não apenas. Precisamos incluir outras “personas” em nossos eventos, livros, artigos, podcasts etc. Só conseguiremos a devida atenção ao que precisa ser feito quando incluirmos outras pessoas na conversa. Enquanto falarmos esse dialeto que só é conhecido ou interessante para outros especialistas, nos manteremos isolados e a margem do potencial que a disciplina possui. A ABPMP Brasil vai tratar de resolver isso. Como eu sei? Tenho certeza de que a rede vai se unir e ajudar. Sabemos que falar com mais pessoas vai fortalecer a profissão e trazer os resultados que tanto precisamos em nosso país. Contem comigo. A maturidade das organizações no Brasil. Quem me conhece sabe que vivo o mundo BPM desde 2003 e viajo para cada canto desse país levando o tema e ajudando profissionais e organizações. Sendo assim, mesmo que “empírica”, fiz uma pesquisa e compilei 4 grandes grupos de maturidade nas organizações. Vou chamá-las de “Personas Nacionais de Maturidade”, e a ideia é apresentar o nível de maturidade de cada uma frente a sua realidade diária e ambições. Sem querer avançar muito, pois tratarei desse detalhamento das personas em outro artigo, posso dizer para você que, hoje, e aproximadamente, 60% das organizações (médias/grandes) vivem em um estágio inicial e focado na própria sobrevivência. Para a outra persona organizacional, em torno de 20% está buscando por estruturação de seus processos, sendo que 15% (a terceira persona), já atua com foco em melhoria consistente de resultados. Infelizmente, apenas 5% (a quarta persona) estaria em nível avançado e consistente a ponto de focar em transformação de produtos, serviços e, até mesmo, alteração no modelo de negócio. Como disse antes, não tenho a pueril pretensão de ser exato nesses números, mas preciso mostrar o quanto ainda temos que trabalhar.
É função do profissional de BPM apoiar as organizações nesse avanço, precisamos fazer com que as organizações evoluam. Para a maior parte das empresas que considerei nesse levantamento, ver e ter pela primeira vez seus processos documentados de maneira estruturada já é uma grande vitória. Para muitas outras, já é chegado o momento de transformar a estrutura de processos em ações repetíveis e consistentes para o avanço na forma de melhoria. Porém, também temos o outro lado. Quase 5% desse total já possui um olhar mais ambicioso e até disruptivo, e isso é muito bom para todos. Para finalizar este breve artigo, gostaria de reforçar um ponto. Hoje, profissional de processos ou interessado em gestão organizacional, seu desafio imediato é ajudar 2.4 milhões de empresas a evoluir em suas práticas de gestão. Chegará o momento em que a evolução por melhoria continua não bastará para essas organizações. Nesse momento, você será útil na viabilização e estruturação de grandes transformações organizacionais. O profissional precisa entender que o jogo é dinâmico. O lado esquerdo do nosso cérebro, é um ativo humano que já possui data de validade. Nossa capacidade lógica é alvo da evolução tecnológica, com robótica, softwares, BPMS etc. Lembre-se, a tecnologia de automação já substitui nossos ossos e músculos em muitas operações. O próximo passo, já sabemos qual é. Porém, o lado direito do nosso cérebro ainda é algo misterioso e distante para as máquinas. Como ensinar empatia? Sensibilidade, apreciar arte, música, relações humanas? Essas são habilidades que nós, profissionais da lógica, precisamos desenvolver. É cada vez mais anacrônico pensar em melhoria de processos sem considerar o foco do cliente. Como pensar em produtos e serviços sem considerar os momentos da verdade na jornada do cliente? A nossa capacidade de entender o cliente e se colocar no lugar dele é um grande diferencial. Infelizmente, ainda pouco utilizado pelos nossos colegas que trabalham com o lado esquerdo a maior parte do tempo (pode me incluir nessa lista). Temos um belo e desafiador horizonte no mundo da gestão e dos negócios. Cada vez mais seremos desafiados a usar os 2 lados do nosso incrível cérebro. Vou explorar esse e outros temas nos próximos artigos. Acompanhe os posts e faremos juntos essa jornada, afinal, o desafio é inexoravelmente nosso. A pergunta que deixo para reflexão: Em nossa evolução social, significância (1) e propósito (2) são elementos que reduzem cada vez mais o gap entre a prosperidade material e a satisfação pessoal. Como podemos levar esses elementos (1 e 2) para nossos processos, produtos e serviços? Dica: Aproveite seu lado direito do cérebro e sua incrível capacidade de empatia para responder. *********************************************************************************** Se você quer aprender de maneira prática e aplicável: 1- Realizar verdadeiros diagnósticos de processos e apresentar resultados imediatos e transformadores; 2- Representar a verdade organizacional de maneira estruturada e finalmente conseguir entregar valor com a modelagem de processos; 3- Entender e aplicar o foco do cliente para reorientar os processos e entregar novos e melhores resultados; 4- Revolucionar resultados organizacionais transformando processos, produtos e serviços de maneira pragmática, com métodos simples e replicáveis; 5- Entender e aprender melhor sobre o cliente/cidadão e conseguir criar melhores produtos, serviços, processos e jornadas? Inscreva-se em um dos meus treinamentos especializados. Já são mais de 4000 alunos nos últimos 10 anos. Ficarei muito feliz em te ajudar nessa nova jornada. Essa é a minha missão. Participe e vamos juntos promover a melhoria que tanto precisamos. Acesse o site, cadastre-se e nos veremos em breve: www.GartCapote.com Aproveite para compartilhar esse post com seus amigos. Muito obrigado pela leitura e até o próximo! Gart Capote Hoje, ao divulgar a capa do meu 5º e mais novo livro, recebi um comentário que me deixou positivamente intrigado e inspirou a escrita deste post. A pergunta era:
"Como as empresas e os profissionais estão sendo enganados pelos fluxogramas?" Não vou tentar resumir o conteúdo do livro inteiro em um post, mas vou explicar um pouco da ideia. Sabe aquele fluxograma que documenta “lindamente” as coisas que acontecem em um processo organizacional? Provavelmente, esse mesmo fluxograma, está totalmente errado e mentindo descaradamente para você e para a organização. É verdade! As lideranças organizacionais estão cansadas de receber diagramas repletos de fluxos de atividades, regiamente modelados, coloridos, misturados com lógica decisória, regras de negócio espalhadas em várias partes, “perguntinhas” em decisões com lógica booleana e um monte de outros elementos que nada lembram a realidade operacional e sua capacidade… Sim, é isso mesmo. O início do processo, sempre começando com um evento de início… O fim do processo, sempre representado com um evento de fim. O término de um trabalho qualquer é conectado por sequência em outra atividade, que ao terminar é conectada em outra e assim por diante, até encontrar o almejado e exclusivo “evento final”. A coisa ainda fica pior! Entre uma atividade humana e outra, e com participantes diferentes, ainda se coloca um evento intermediário de tempo para representar um prazo ou qualquer outra “pausa” no trabalho…A liberdade criativa não tem fim! Bom, só tenho uma coisa a dizer sobre esse tipo de representação. Isso não serve para produzir informação relevante para a tomada de decisão. Esse tipo de abordagem, no máximo, ajuda a “explicar” os grandes passos lógicos de um processo. Nada mais. Sabe o motivo? Esse fluxograma é a representação de uma lógica qualquer, mas em nada se aproxima da terrível e velada realidade organizacional. Os processos estão sendo representados dessa forma por décadas. Já está na hora de avançar. Um dos grandes avanços que qualquer organização pode alcançar é simples e está disponível já. Seu nome é “Modelagem da Verdade”. Não precisa comprar software, nem equipamento, nada mesmo. Basta aplicar os conceitos e princípios e você será capaz de representar os processos como eles realmente funcionam. Chega de ficar fluxogramando lógica ilusória de realização. Precisamos descobrir e evidenciar as desconexões, as diversas e implacáveis interrupções, a falta de fluidez nos trabalhos, a confusão que existe sempre quando se precisa tomar uma decisão, a quebra de informações, as centenas de atividades que ficam verificando se o que precisava ser feito foi realmente feito, os malditos e infinitos níveis de alçada de aprovação e seus milhares de “cientes” ao longo do caminho. Isso precisa terminar. Quando você olha para um fluxograma buscando identificar a origem de problemas, certamente, terá dificuldade em encontrar. Afinal, o tal fluxograma, nada mais é que uma linda e elaborada lógica modelada por profissionais buscando evidenciar seu poder de síntese e conhecimento sobre o tema. O processo real, muito provavelmente, em nada se parece com o belo, colorido e alegórico fluxograma produzido e entregue pelos profissionais mais capacitados na notação. Uma pena. Entenda. Isso aqui não é uma crítica aos profissionais, mas sim, uma necessária e contundente observação sobre o produto que entregamos no dia a dia. Quando você reclamar que na sua empresa não valorizam o trabalho dos profissionais de processos, pare um pouco e reflita. Vocês estão entregando informações relevantes para a tomada de decisões e oportunidades de melhorias, ou estão apenas gerando documentação infinita sobre essa dimensão irreal/surreal de processos fluxogramados e ilusórios? Quando é que os fluxogramas nos enganam? Sempre que eles representam a lógica e não a verdade operacional. Capacidade, tempo, custo, experiência do cliente, qualidade, nada disso vive na dimensão da lógica. A realidade é cruel e precisa ser considerada. Enquanto buscarmos na ilusão dos fluxogramas a representação da verdade, estaremos, cruelmente, nos enganando e enganando as nossas organizações. Nunca mais seja enganado pelos fluxogramas! Antes de finalizar, e só para deixar alguns números de “alento", quero dizer que, aplico essa técnica há mais de 8 anos e já a ensinei para mais de 2000 profissionais e em dezenas de projetos em organizações. Ou seja, não sou um lobo solitário da modelagem da verdade. Essa abordagem já é uma realidade, mas precisa de novos adeptos e apoio constante na divulgação de resultados. Esse é um dos motivos de escrever esse novo livro. Espero que gostem e apliquem. O resultado é fantástico e revolucionário. Pode acreditar. P.S. DEVIDO AO NÚMERO E RUMO DOS COMENTÁRIOS NO LINKEDIN, PRECISEI INCLUIR UM COMPLEMENTO AO POST Acho que não fui claro o suficiente, e talvez não seja possível em um texto tão curto. Aparentemente, algumas pessoas não estão entendendo a ideia. Quando vejo um fluxograma, preciso perguntar: Qual o seu objetivo? Se o objetivo é representar uma lógica de realização, apenas informativa e para extrair algum conhecimento de colaboradores e sistemas, ok, até tem alguma utilidade. Pouca, mas tem. Como alguns diriam, é melhor do que nada. Se o objetivo é representar um processo para torná-lo o padrão de trabalho, e pior ainda, utilizar essa representação como orientação gerencial em avaliações, aí não tem jeito. Desculpe a sinceridade, mas essa não é a melhor opção. Não é neste artigo que vou te ensinar a utilizar BPMN além da visão "fluxograma". E sim, na prática, fluxograma é um estilo de modelagem e muito utilizado para representar lógica. BPMN é muito mais poderoso que isso. A ideia não é julgar o estilo "fluxograma" e culpá-lo por todo o péssimo resultado nas organizações atuais. Não é isso. O livro, e não esse breve post, vai mostrar como avançar para o século XXI na sua modelagem de processos e utilizar BPMN sem que toda e qualquer representação de processos continue igual a tudo que já foi feito anteriormente, inclusive pintando células de planilhas, modelando em powerpoint, em Visio e outras ferramentas que - hoje - são totalmente anacrônicas. "Fluxogramar" é uma forma de representar processos seguindo/segundo uma lógica de realização que, normalmente, não representa a realidade operacional. Esse é o problema. Não adianta tapar o sol com a peneira. Essa é a verdade. Basta visitar uma organização e você encontra essa abordagem / estilo como a dominante. Simples assim. Bom, não tenho condições de manter um debate ou aula por comentários, por isso, agradeço a participação e peço que esperem o livro para tirar melhores conclusões. PS. Para quem quiser "provar" o gostinho da verdade em processos, também ensino essa técnica em meus treinamentos. Pode perguntar para quem já participou... :) Grande abraço para todos! Esperem pelo livro! Gart Capote Você conhece a maior Associação de Profissionais de Gerenciamento de Processos de Negócio (ABPMP)? Se me permite, vou contar uma rápida história. Em 2007 eu estava em busca de uma certificação em BPM e, procurando na internet, encontrei dezenas de empresas - cada uma com a sua certificação e sua referência de conhecimento. Aquilo não fazia sentido para mim. Imagine só, precisar me certificar em cada uma delas seria, caro, demorado, improdutivo e, provavelmente, não teria valor para o mercado. Fiquei bastante desmotivado com a ideia de entrar nessa jornada. Então, quando já estava quase desistindo de me certificar, encontrei um site horrível. É verdade. A coisa era muito mal feita e com aparência de amadora, porém, seu conteúdo era completamente diferente de todos os outros. Aquele era o site de uma associação de profissionais de BPM, que não tinha fins lucrativos, era independente de fabricantes e, um dia, pretendia publicar um conjunto de conhecimentos comuns na área de BPM (um CBOK) e, depois disso, criariam uma certificação internacional… Pronto! Encontrei o que estava procurando. Bom, na verdade, era quase 50% do que estava procurando, mas o propósito era muito alinhado com o que eu acreditava. Mas, e a certificação internacional? Não era isso que eu estava procurando? Resumindo a história um pouco, me associei a ABPMP pelo Chapter de Tampa Bay na Florida em 2007 e comecei a participar da associação. Quando percebi que estávamos quase prontos para lançar o BPM CBOK, imaginei que seria o momento de trazer a ABPMP para o Brasil. Fiz uma convocação pública para os seguidores do meu Blog (www.mundobpm.com), consegui reunir as pessoas necessárias, formamos o comitê executivo e abrimos o chapter brasileiro em abril de 2008 (www.abpmp-br.org). E a certificação? Quatro anos depois de entrar para associação nos EUA e três anos depois de abrir o chapter no Brasil, finalmente consegui a certificação que tanto procurava. Demorou? Talvez. Gosto de contar essa história para mostrar que, às vezes, buscamos algumas coisas e as queremos de imediato. A pressão por resultados é grande e o mercado não perdoa os menos ousados. Porém, nem sempre encontramos à nossa disposição o que realmente queremos ou precisamos. Na verdade, as vezes começamos um movimento sem nem mesmo ter muita certeza de seu futuro ou seu propósito maior. Uma das lições mais importantes e aprendidas ao longo dessa incrível jornada é, digamos, bem simples. Siga o fluxo (o Flow). Não estou falando de fluxo de pessoas, de tendências, ideias e nem do efeito manada que acontece no dia a dia. O Flow, para a psicologia positiva, e de maneira bem resumida, é o estado mental que alcançamos quando estamos fazendo algo que nos desafia, mas não gera ansiedade, medo ou desconforto. É quando estamos fazendo algo por horas, dias, meses e anos, e quando paramos para pensar, de tão bom que foi, damos conta de que nem percebemos o tempo passar.
O Flow é a dosagem dinâmica e perfeita entre habilidades e desafios.Quando estamos no Flow, não percebemos o tempo passar, e você sabe… adoramos essa sensação. Desenvolver a ABPMP no Brasil foi um dos meus maiores Flows dos últimos anos… Um Flow com propósito é tão poderoso que atrai outros Flows para você. Sabia disso? Veja só. A ABPMP Brasil nos permitiu criar uma incrível base de colegas e amigos pelo mundo afora, tornamos o Chapter Brasil no maior do mundo, somos a maior base de profissionais certificados CBPP do planeta! Quem diria!? Além disso, e ainda no Flow, num período de 5 anos escrevi 4 livros, fiz centenas de palestras e aulas, ajudei milhares de alunos e amigos… Ufa! É muito Flow para uma pessoa só. Sou um profissional extremamente realizado e, ao mesmo tempo, inquieto. Obrigado, ABPMP Brasil. Obrigado pelo Flow maravilhoso. Sabe o que eu desejo para você? Que você encontre o seu Flow e trabalhe muito para que ele transforme a vida das pessoas ao seu redor em algo muito melhor. Isso é o que fazemos na ABPMP BR. Um Flow que começa individual, mas encontra seu propósito no bem coletivo é, certamente, muito mais poderoso que qualquer Flow egocentrado. Encontre o Flow e a diversão começa. Encontre a diversão e o trabalho termina. Gart Capote . |
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