Qual o futuro do Analista de Processos? Com toda essa comoção atual, com todos os movimentos disruptivos de palco e muitos outros distúrbios que nos invadem o coração e a mente, todos os dias, qual seria o destino desse profissional tão importante, mas que pode estar sendo questionado e até se questionando sobre a própria utilidade? Para acalentar alguns corações e, principalmente, apresentar um modelo evolutivo para esse profissional - que está conectado ao presente e olhando o futuro - decidi escrever este breve artigo. Aqui apresento uma poderosa iniciativa internacional que já está em andamento desde 2017. Também detalho um pouquinho a nossa ideia sobre a evolução de competências-chave para o novo Analista de Processos. Um breve alerta: Vou falar de futuro, mas não se preocupe. Não repetirei o discurso de especialistas disruptivos e nem citarei Kodak, Uber, Netflix e tudo isso que já não aguentamos mais ouvir falar. O pior de tudo sobre esse discurso todo é que, normalmente, ele é dito por pessoas que nunca fizeram nada parecido com o que pregam aos 4 ventos do Linkedin. Afinal, estão apenas repetindo o que leram em alguns artigos gringos e assistiram no Youtube. Vamos ao que interessa. Para falar de Analista 3.0, achei interessante também apresentar as suas versões anteriores. Sendo assim, vamos entender “en passant” um pouco sobre o foco de cada um deles e as áreas predominantes de atuação. O Analista 1.0 - Foco em Gestão da Qualidade Total Grandes forças de influência na atuação diária:
Sem querer entrar em muitos detalhes nesse momento, apenas para ilustrar, após décadas de atuação incansável, esse profissional ficou conhecido como o “Profissional da Qualidade”. Atuava muitas vezes como um auditor (no sentido mais tradicional da palavra), era responsável por descrever procedimentos, fluxos de trabalho, levantava indicadores de desempenho operacional, implantava normas, utilizava ferramentas para controle estatístico e muito mais. Era muito trabalho! Porém, o tempo passou, alguns conceitos surgiram e outros sumiram/foram substituídos. O mesmo aconteceu com as ferramentas e as tecnologias envolvidas. Ou seja, já no início do século XXI, o Analista 1.0 começava a conhecer e desenvolver novas habilidades e competências. Era o momento de utilizar as tecnologias mais modernas para viabilizar uma nova compreensão sobre as organizações e sua forma de gestão. Importante: Antes que alguém entenda errado, e diga que eu disse que o trabalho do 1.0 não existe e nem é importante atualmente, eu direi: Hold your horses, mon ami! * Não é nada disso. Apenas digo que, atualmente, o escopo do 1.0 sofreu alterações necessárias para não se tornar anacrônico. Não mate o mensageiro. * percebeu minha fluência em alemão? O Analista 2.0 - Foco no/do Cliente Grandes forças de influência na atuação diária:
Fico muito triste quando chego nos lugares e ouço coisas descabidas sobre a atuação e o pouco resultado alcançado por profissionais e iniciativas dessa natureza. Sabe o motivo da minha tristeza e inquietude? Primeiro, pergunte/verifique se tais iniciativas - realmente - tiveram apoio político da organização. O que mais encontro por aí é um bolo de escritórios de processos e analistas de processos que passam os dias levantando, modelando e entregando diagrama de processos para colegas/colaboradores. O colega/colaborador, por sua vez, agradece o singelo presente recebido e engaveta-o imediatamente. Diga-me, sinceramente, desde quando isso é ou foi o objetivo do escritório ou do analista de processos? Se foi/é, não tem outra explicação: estamos diante de uma organização muito imatura no tema gestão. Tão imatura que ainda acredita que cuidar dos processos é tarefa de outrem e de menor importância estratégica e tática. Bom, o melhor uso do escritório e do analista de processos será assunto para outro momento. Já falei um pouco sobre esse tema em outro artigo, mas prometo voltar a explorar um pouco mais. Segundo motivo da minha tristeza e inquietude: O analista de processos não está sendo orientado/utilizado da forma correta. Não faz o menor sentido contratar uma pessoa capacitada, com perfil pragmático, analítico e crítico, e utilizá-la para corroborar todas as distorções existentes e as mentiras corporativas. Muitos não gostam quando digo isso, mas alguém precisa dizer. Quando chego nas empresas e nos alunos, faço uma pequena brincadeira com eles. Eu aposto - com qualquer um que esteja presente - que, em menos de 60 segundos, todos nós descobriremos que tudo o que foi diagramado até o momento está errado e/ou mentido para nós… ok, pode ser quase tudo (99%). Não é arrogância ou prepotência de minha parte, apenas sei onde a mentira se esconde nas entranhas da besta (o processo) e onde a Lógica Ilusória, muito potencializada pelo desconforto humano de reconhecer que não entendeu algo, nos leva a acreditar em coisas que fazem muito sentido para o cérebro e que surgem de discursos entoados nas reuniões… mas, que não chegam nem um pouco perto da verdade operacional/organizacional. Quer apostar? Vamos deixar essa aposta para uma oportunidade ao vivo. :) O Analista 3.0 - Foco em Design da Experiência do Negócio Grandes forças de influência na atuação diária:
Essa é uma linha de evolução bastante provável para a profissão/função de Analista de Processos. Isso não é uma opinião isolada ou apenas minha. Estou envolvendo dezenas de especialistas no assunto, das mais variadas partes do mundo, e estamos compilando o que essas lideranças de pensamento e prática entendem como as principais tendências. Por se tratar de futuro, não é possível/aconselhável ser categórico nesse artigo, mas preciso considerar o know how e a bagagem dos envolvidos nessa aliança internacional que estou ajudando a orientar e desenvolver. Sem mais delongas, e com o intuito de ilustrar esse promissor futuro para o Analista 1 ou 2.0, trago aqui alguns elementos que norteiam a construção do nosso Key Competencies Model (KCM) - que será lançado em breve. Para começar a conversa, acreditamos que a evolução do trabalho do Analista, numa atualização natural para atender as demandas e os modelos de negócio do Séc. XXI, envolve o entendimento geral de ao menos 9 dimensões organizacionais e outras 3 camadas ou níveis de atuação. É consenso entre o grupo e outros praticantes que, as organizações no Séc. XXI precisam se preocupar, no mínimo, com: Camada de Percepção/Troca de Valor 1- Comunicação da Marca 2- Experiência do Cliente 3- Produtos e Serviços Camada Estrutural 4- Cultura Organizacional 5- Gestão de Talentos 6- Organização Corporativa Camada de Execução 7- Ferramentas e Tecnologias 8- Modelo de Entrega 9- Processos Veja o quadro resumo a seguir Assim sendo e considerando:
(1) O trânsito multidimensional da função do analista 3.0; (2) A miríade de habilidades e conhecimentos que o novo analista precisa desenvolver; (3) A maturidade profissional necessária para desenvolver adequadamente esse papel, é bastante razoável imaginar que a versão 3.0 desse profissional receba, em breve, um nome mais abrangente, um pouco mais condizente com sua atuação menos fragmentada e mais global. Portanto, alguns “nomes" que podem surgir com o tempo para o analista 3.0
Outro elemento que é interessante pensar e destacar nesse momento é a própria evolução desse analista no mercado. Após algum tempo atuando como 3.0 e evoluindo com mais profundidade em outras habilidades desse novo modelo organizacional, é quase natural imaginar o surgimento de outra denominação profissional. Talvez seja o caso de imaginar esse novo analista como um designer de negócio. Afinal, ao transitar por tantas camadas e temas em sua atuação diária e, mais ainda, atuar diretamente na redução da fragmentação organizacional, é compreensível a tentativa de utilização do termo Design em sua função. Sei que você já consegue imaginar a “senioridade" necessária ao profissional para alcançar tal função. E não é para menos. Quando pensamos na criação de uma comunidade internacional para desenvolvimento e difusão desse conceito, a Business Experience Design International Alliance, pensamos nas mais variadas competências necessárias ao novo profissional interessado em atuar nesse modelo de negócio do Século XXI. Em nossa visão conceitual - e prática para muitos de nós - esse profissional é capaz de transitar pelos mais variados desafios e temas da organização. Ele compreende as mais refinadas formas de segmentação de clientes e criação das jornadas de experiências orientadas pelas necessidades e desejos da personas. Para ter um bom entendimento sobre clientes, estudou e aprendeu a essência da fisiologia do cérebro humano orientada pela neurociência, compreendendo, finalmente, a influência constante e inconsciente que nossos medos, desejos e bloqueios exercem em nossas decisões. Sendo assim, ele é capaz de estruturar abordagens de comunicação que consideram o ser humano e a sua relação velada e caótica com Ethos, Pathos e Logos. Aprendeu maneiras de utilizar elementos de jogos e suas engrenagens para promover e estimular engajamento entre as pessoas - colaboradores ou clientes. Finalmente, e sem querer ser definitivo nesse breve e despretensioso texto, devemos considerar que todas essas competências foram desenvolvidas por esse profissional de maneira gradual. Ninguém alcança tal desenvoltura e proficiência da noite para o dia. Esse profissional, além de toda a bagagem que traz consigo, possui e desenvolve constantemente o que é chamado de “Mindset do Crescimento” (Carol S. Dweck). Um modelo mental que o faz desejar e crer no poder transformador que os desafios e as mudanças podem provocar nas pessoas. Portanto, e para encerrar esse já muito longo texto, gostaria de deixar aqui alguns convites: 1- Se você se entende como esse profissional com a bagagem e a estrada mencionada, visite o nosso site e conheça os próximos passos dessa nossa nova e incrível jornada mundial: www.BXD-ia.org 2- Se você ainda não tem toda essa bagagem e senioridade, não se assuste. O Analista de Processos não acabou. Pelo contrário. Em tempos de mudanças cada vez mais rápidas e constantes, todas as organizações precisam de profissionais capazes de rapidamente entender, melhorar e gerir “como" as coisas estão acontecendo na operação organizacional. Nesse caso, se você quer atuar ou desenvolver suas habilidades em Análise de Processos para fazer uma futura transição (de 1.0 ou 2.0 para 3.0), sugiro que visite o meu site, cadastre-se e entenda melhor como posso te ajudar: www.GartCapote.com Claro, você também pode se cadastrar na BXD. Afinal, se manter “antenado” nunca é demais. Aliás, antenado é gíria de quem não está muito antenado em gírias. Grande abraço e até o próximo Gart Capote
2 Comments
Como transitar “magistralmente" entre processos, serviços, pessoas, tecnologias e experiências de clientes para viabilizar a modernização necessária nas organizações.
Sem dúvida, um dos grandes desafios do profissional atualmente. Não estamos diante de um “compendium" ou qualquer fórmula irrefutável, mas sim, diante do resultado de muita análise, pesquisa e, por que não, ideação complementar. Ao final, estamos diante de um simples convite. Permita que eu explique melhor. Tenho observado atentamente uma estranha “disputa" profissional que, infelizmente, vem sendo criada e nutrida internacionalmente pelas mais variadas formas de obtenção de atenção numa desesperada estratégia para criação de público. Disrupção x Gestão - quem ganhará essa batalha? Inteligência Artificial x Profissões “tradicionais” - o triste fim das profissões! Melhoria x Transformação - Estamos perdendo tempo buscando melhorias? Dinossauros x Unicórnios - Quem vai sobreviver? Bom, resumindo minha opinião de maneira bastante rápida e objetiva: Pelo amor das minhas calças jeans! Parem o mundo que eu quero descer. Quando é que vamos entender que esse maniqueísmo pueril é algo negativo para todos os lados - tanto a luz quanto as trevas saem perdendo. Não podemos orientar nosso pensamento de maneira tão booleana. Não somos máquinas… ainda. Aliás, até podemos viver com esse pensamento restritivo e limitado, mas não parece ser uma das melhores alternativas. Recentemente, uma certa senhora escreveu um livro que tem no seu título uma referência às mais variadas (50) tonalidades de uma mesma cor. Nem preto nem branco. Nossa vida é colorida, outras vezes cinza, em certos momentos quase translúcida… Considerando apenas a capa do livro dessa senhora, podemos dizer que a vida é isso mesmo - f**cking complex, baby! Por qual motivo, hoje em dia, e em cada canto que se chega nessa internet, que tudo aceita e tudo venera, sempre encontramos alguém dando um prognóstico infalível sobre o futuro e, pior ainda, sempre nos deixando apenas com 2 alternativas igualmente ruins e excludentes? Você quer fazer parte de um passado que está com os dias contado, ou quer seguir a nova tendência super cool? Sua empresa é igual ao Google, Facebook, Apple, Netflix, Airbnb ou Uber? Não? Tsc, tsc, tsc*… Você já era! * Onomatopeia daquele som de reprovação que as pessoas fazem com a boca em certos momentos. Vai, pode fazer aí… Não consegue? Tsc, tsc, tsc. Fechando o parêntese nunca antes aberto, te pergunto. Precisamos tratar de tema tão complexo quanto estratégia organizacional, modelos de negócio, gestão, tecnologias e pessoas, com tamanha superficialidade? E o resto dos mortais? E as empresas que não são exponenciais, disruptivas, inovadoras e com ideias incríveis em seus portfólios e gênios? Me diga aí. Como é que, num país como o Brasil, que vive uma realidade alucinante e dicotômica, “suddenly" ficamos rodeados de “experts" em disrupção, inovação e entrega de experiências sensacionais? Onde vocês estavam nesse tempo todo? Por favor, nos ajudem a arrumar essa bagunça, pois está difícil continuar… penso eu. Finalizando, e sem querer parecer um velho resmungão (só velho), apenas gostaria de deixar registrado aqui meu convite para uma iniciativa que pretendo desenvolver e compartilhar com todos vocês. Vou lançar uma série de artigos, vídeos e podcasts tratando do tema Gestão, Criatividade e Inovação. Nessa séria vamos falar de processos (digitais ou humanos), foco do cliente (outside-in), jornada do cliente, gamificação, neuromarketing, criatividade aplicada, melhoria de serviços (privados e públicos) e outros temas relacionados. Spoiler sobre o conteúdo: Não serei disruptivo nem exponencial. Apenas real. :p Vou falar da mudança que acontece hoje, e, hoje mesmo, precisa ser endereçada em nossas atividades profissionais. Vou encerrar esse singelo e, talvez, incompreendido convite, referenciando um trecho de um blog da Deloitte Internacional onde menciona uma necessária evolução profissional, mas de maneira bastante realista e objetiva. "Business Experience Designer é uma função híbrida que transita perfeitamente entre a consultoria tradicional e ambientes mais criativos. Em um único dia, esse profissional pode tratar de requisitos de sistema, mapear processos e, em seguida, conduzir pesquisas com Clientes e definir soluções digitais com novas estratégias." Nos próximos artigos vou trazer para vocês:
Sendo assim, acompanhe e compartilhe. Ficarei muito grato. Mas não é só isso. Ao amigos e colegas do mundo da Gestão Por Processos (BPM), Lean, 6 Sigma, Design Thinking e outras mais: Chegou a hora de entender nossa nova jornada e planejar os próximos passos. É como digo a todo o momento para os colegas daqui do Brasil, dos EUA e da Europa: "Já está na hora de entender o Design Organizacional de maneira integrada, interfuncional e interorganizacional. Só assim teremos o olhar necessário para construção de melhores processos digitais, com valorização e engajamento humano e entrega de excepcionais experiências para os clientes. Acredito que a grande (r)evolução humana não virá da inteligência artificial, mas da nossa capacidade empática e criativa em criar o mundo necessário." Em 2007 eu era membro da ABPMP International (Chapter de Tampa Bay - Florida) e acreditava muito na proposta de valor dessa incrível disciplina de gestão e já acreditava muito na associação que a lidera até hoje. Em 2008 convoquei colegas no meu blog de BPM para me ajudar a estabelecer o chapter da ABPMP no Brasil. Desde 2014 a ABPMP Brasil é o maior chapter do mundo! Esses resultados não são alcançados com trabalho de pessoas isoladas ou sem alinhamento de propósitos. A união de pessoas sensacionais viabilizou esse resultado extraordinário e ímpar. Entender que ainda temos muito o que fazer é dar continuidade nas ações necessárias e permitir que esse país avance de maneira estruturada e sustentável. A ABPMP Brasil, o PMI e diversas outras instituições, capazes de unir profissionais, e não “videntes”, são as engrenagens desse motor que não pode parar. O Business Experience Designer não deve ser entendido como mais uma “buzzword”, pois é apenas uma função profissional para quem domina esses conhecimentos e valoriza uma evolução continuada e sem fim. É o lifelong learning experience aplicado na prática. Nunca duvide da capacidade de realização do brasileiro. Só precisamos unir as pessoas por um propósito nobre e com aplicação real, prática e imediata. Até breve! P.S. Aos meus mais de 3100 queridos ex-alunos do curso de formação de analista de processos, uma boa notícia: Preparem-se, pois a evolução da sua função já começou e virá acompanhada de um grande reposicionamento organizacional. Está na hora de tratar das experiências organizacionais e dos clientes. Vocês serão os mensageiros e viabilizadores dessa incrível e positiva mudança. Estaremos juntos nessa jornada! P.S. 2 Já ouviu os podcasts? https://soundcloud.com/gart-capote/ P.S. 3 Artigo com muitas palavras em inglês... Sorry. Estamos vivendo um momento bastante peculiar em nosso país, não só pelas questões político-econômicas, mas também estamos enfrentando grandes desafios no âmbito das organizações. Por isso, quero falar com você sobre alguns pontos muito importantes em nosso cenário mais atual e para os próximos anos. Março de 2017, ainda estamos na segunda década de 2000 e, diariamente, testemunhamos grandes mudanças em negócios por todo o mundo. Em poucos anos de retrospecto, conseguimos destacar grandes transformações, tais como o surgimento do Uber, Netflix revolucionando a forma como nos relacionamos com a televisão, carros elétricos, carros autônomos, a preocupação com a sobrevivência de nossa espécie sendo pano de fundo para aplicação da economia circular, os modelos de compartilhamento e servicilização de produtos etc. Avaliar a evolução dos negócios nos últimos 6 anos é uma tarefa bastante enriquecedora e, obviamente, inspiradora para os próximos anos que virão. Porém, em nosso país, apesar de experimentarmos a modernidade e a evolução em muitas frentes, continuamos com alguns “pequenos detalhes” estacionados no século XIX e XX. Nosso serviço público continua precisando de muito esforço para melhorar e, um dia, se tornar algo minimamente aceitável. Nossa capacidade de trabalho continua muito aquém dos padrões de países desenvolvidos. Sofremos de perda de competitividade por fatores recorrentes e históricos, tais como, burocracia, desperdício, processos obsoletos e baixa qualidade ou confiabilidade em produtos e serviços. Essa constatação, imediata e fácil para qualquer pessoa, não tem a intenção de ser desanimadora ou ser um lamento. Pelo contrário. Escrevo isso para, mais uma vez, reforçar em nossa rede a necessidade de agirmos com seriedade, coragem e perseverança. Compilei alguns números recentemente e vou utilizá-los para orientar nossa conversa nesse artigo. No Brasil, atualmente, temos mais de 16 milhões de empresas ativas. Seria um número incrível, se todas estivessem em boa situação e em condições de sobrevivência e/ou crescimento. Porém, desse total, mais de 13 milhões é formado apenas por micro e pequenas empresas – que possuem alta taxa de mortalidade e baixa expectativa de vida. Sendo assim, nos resta pouco mais de 2.4 milhões de médias e grandes empresas – o que também é um número bem impressionante. Vamos utilizar esse valor para fazer uma pequena estimativa. Se cada média/grande empresa possui ao menos 10 profissionais que atuam diretamente na gestão organizacional (nível tático/operacional), de maneira bem realista, temos um universo de aproximadamente 24 milhões de profissionais atuantes na área. Se apenas 1 de cada 10 profissionais desse montante tiver interesse em se especializar em gestão por processos, teríamos, facilmente, mais de 2 milhões de especialistas (os CBPPs). Quando observamos o número de CBPPs atualmente no Brasil, percebemos que não alcançamos nem 0,05% do total possível. E a pergunta inevitável é, por que não? Depois de muito refletir sobre esse Gap, encontrei algumas questões e acredito que estamos pecando em diversos princípios. Sem querer me estender demais nesse post, vou elencar apenas 2 pontos que considero como principais para mudarmos esse resultado. Até agora, só falamos com profissionais de processos. Sim. Somos uma associação de profissionais de processos, mas não apenas. Precisamos incluir outras “personas” em nossos eventos, livros, artigos, podcasts etc. Só conseguiremos a devida atenção ao que precisa ser feito quando incluirmos outras pessoas na conversa. Enquanto falarmos esse dialeto que só é conhecido ou interessante para outros especialistas, nos manteremos isolados e a margem do potencial que a disciplina possui. A ABPMP Brasil vai tratar de resolver isso. Como eu sei? Tenho certeza de que a rede vai se unir e ajudar. Sabemos que falar com mais pessoas vai fortalecer a profissão e trazer os resultados que tanto precisamos em nosso país. Contem comigo. A maturidade das organizações no Brasil. Quem me conhece sabe que vivo o mundo BPM desde 2003 e viajo para cada canto desse país levando o tema e ajudando profissionais e organizações. Sendo assim, mesmo que “empírica”, fiz uma pesquisa e compilei 4 grandes grupos de maturidade nas organizações. Vou chamá-las de “Personas Nacionais de Maturidade”, e a ideia é apresentar o nível de maturidade de cada uma frente a sua realidade diária e ambições. Sem querer avançar muito, pois tratarei desse detalhamento das personas em outro artigo, posso dizer para você que, hoje, e aproximadamente, 60% das organizações (médias/grandes) vivem em um estágio inicial e focado na própria sobrevivência. Para a outra persona organizacional, em torno de 20% está buscando por estruturação de seus processos, sendo que 15% (a terceira persona), já atua com foco em melhoria consistente de resultados. Infelizmente, apenas 5% (a quarta persona) estaria em nível avançado e consistente a ponto de focar em transformação de produtos, serviços e, até mesmo, alteração no modelo de negócio. Como disse antes, não tenho a pueril pretensão de ser exato nesses números, mas preciso mostrar o quanto ainda temos que trabalhar.
É função do profissional de BPM apoiar as organizações nesse avanço, precisamos fazer com que as organizações evoluam. Para a maior parte das empresas que considerei nesse levantamento, ver e ter pela primeira vez seus processos documentados de maneira estruturada já é uma grande vitória. Para muitas outras, já é chegado o momento de transformar a estrutura de processos em ações repetíveis e consistentes para o avanço na forma de melhoria. Porém, também temos o outro lado. Quase 5% desse total já possui um olhar mais ambicioso e até disruptivo, e isso é muito bom para todos. Para finalizar este breve artigo, gostaria de reforçar um ponto. Hoje, profissional de processos ou interessado em gestão organizacional, seu desafio imediato é ajudar 2.4 milhões de empresas a evoluir em suas práticas de gestão. Chegará o momento em que a evolução por melhoria continua não bastará para essas organizações. Nesse momento, você será útil na viabilização e estruturação de grandes transformações organizacionais. O profissional precisa entender que o jogo é dinâmico. O lado esquerdo do nosso cérebro, é um ativo humano que já possui data de validade. Nossa capacidade lógica é alvo da evolução tecnológica, com robótica, softwares, BPMS etc. Lembre-se, a tecnologia de automação já substitui nossos ossos e músculos em muitas operações. O próximo passo, já sabemos qual é. Porém, o lado direito do nosso cérebro ainda é algo misterioso e distante para as máquinas. Como ensinar empatia? Sensibilidade, apreciar arte, música, relações humanas? Essas são habilidades que nós, profissionais da lógica, precisamos desenvolver. É cada vez mais anacrônico pensar em melhoria de processos sem considerar o foco do cliente. Como pensar em produtos e serviços sem considerar os momentos da verdade na jornada do cliente? A nossa capacidade de entender o cliente e se colocar no lugar dele é um grande diferencial. Infelizmente, ainda pouco utilizado pelos nossos colegas que trabalham com o lado esquerdo a maior parte do tempo (pode me incluir nessa lista). Temos um belo e desafiador horizonte no mundo da gestão e dos negócios. Cada vez mais seremos desafiados a usar os 2 lados do nosso incrível cérebro. Vou explorar esse e outros temas nos próximos artigos. Acompanhe os posts e faremos juntos essa jornada, afinal, o desafio é inexoravelmente nosso. A pergunta que deixo para reflexão: Em nossa evolução social, significância (1) e propósito (2) são elementos que reduzem cada vez mais o gap entre a prosperidade material e a satisfação pessoal. Como podemos levar esses elementos (1 e 2) para nossos processos, produtos e serviços? Dica: Aproveite seu lado direito do cérebro e sua incrível capacidade de empatia para responder. *********************************************************************************** Se você quer aprender de maneira prática e aplicável: 1- Realizar verdadeiros diagnósticos de processos e apresentar resultados imediatos e transformadores; 2- Representar a verdade organizacional de maneira estruturada e finalmente conseguir entregar valor com a modelagem de processos; 3- Entender e aplicar o foco do cliente para reorientar os processos e entregar novos e melhores resultados; 4- Revolucionar resultados organizacionais transformando processos, produtos e serviços de maneira pragmática, com métodos simples e replicáveis; 5- Entender e aprender melhor sobre o cliente/cidadão e conseguir criar melhores produtos, serviços, processos e jornadas? Inscreva-se em um dos meus treinamentos especializados. Já são mais de 4000 alunos nos últimos 10 anos. Ficarei muito feliz em te ajudar nessa nova jornada. Essa é a minha missão. Participe e vamos juntos promover a melhoria que tanto precisamos. Acesse o site, cadastre-se e nos veremos em breve: www.GartCapote.com Aproveite para compartilhar esse post com seus amigos. Muito obrigado pela leitura e até o próximo! Gart Capote Hoje, ao divulgar a capa do meu 5º e mais novo livro, recebi um comentário que me deixou positivamente intrigado e inspirou a escrita deste post. A pergunta era:
"Como as empresas e os profissionais estão sendo enganados pelos fluxogramas?" Não vou tentar resumir o conteúdo do livro inteiro em um post, mas vou explicar um pouco da ideia. Sabe aquele fluxograma que documenta “lindamente” as coisas que acontecem em um processo organizacional? Provavelmente, esse mesmo fluxograma, está totalmente errado e mentindo descaradamente para você e para a organização. É verdade! As lideranças organizacionais estão cansadas de receber diagramas repletos de fluxos de atividades, regiamente modelados, coloridos, misturados com lógica decisória, regras de negócio espalhadas em várias partes, “perguntinhas” em decisões com lógica booleana e um monte de outros elementos que nada lembram a realidade operacional e sua capacidade… Sim, é isso mesmo. O início do processo, sempre começando com um evento de início… O fim do processo, sempre representado com um evento de fim. O término de um trabalho qualquer é conectado por sequência em outra atividade, que ao terminar é conectada em outra e assim por diante, até encontrar o almejado e exclusivo “evento final”. A coisa ainda fica pior! Entre uma atividade humana e outra, e com participantes diferentes, ainda se coloca um evento intermediário de tempo para representar um prazo ou qualquer outra “pausa” no trabalho…A liberdade criativa não tem fim! Bom, só tenho uma coisa a dizer sobre esse tipo de representação. Isso não serve para produzir informação relevante para a tomada de decisão. Esse tipo de abordagem, no máximo, ajuda a “explicar” os grandes passos lógicos de um processo. Nada mais. Sabe o motivo? Esse fluxograma é a representação de uma lógica qualquer, mas em nada se aproxima da terrível e velada realidade organizacional. Os processos estão sendo representados dessa forma por décadas. Já está na hora de avançar. Um dos grandes avanços que qualquer organização pode alcançar é simples e está disponível já. Seu nome é “Modelagem da Verdade”. Não precisa comprar software, nem equipamento, nada mesmo. Basta aplicar os conceitos e princípios e você será capaz de representar os processos como eles realmente funcionam. Chega de ficar fluxogramando lógica ilusória de realização. Precisamos descobrir e evidenciar as desconexões, as diversas e implacáveis interrupções, a falta de fluidez nos trabalhos, a confusão que existe sempre quando se precisa tomar uma decisão, a quebra de informações, as centenas de atividades que ficam verificando se o que precisava ser feito foi realmente feito, os malditos e infinitos níveis de alçada de aprovação e seus milhares de “cientes” ao longo do caminho. Isso precisa terminar. Quando você olha para um fluxograma buscando identificar a origem de problemas, certamente, terá dificuldade em encontrar. Afinal, o tal fluxograma, nada mais é que uma linda e elaborada lógica modelada por profissionais buscando evidenciar seu poder de síntese e conhecimento sobre o tema. O processo real, muito provavelmente, em nada se parece com o belo, colorido e alegórico fluxograma produzido e entregue pelos profissionais mais capacitados na notação. Uma pena. Entenda. Isso aqui não é uma crítica aos profissionais, mas sim, uma necessária e contundente observação sobre o produto que entregamos no dia a dia. Quando você reclamar que na sua empresa não valorizam o trabalho dos profissionais de processos, pare um pouco e reflita. Vocês estão entregando informações relevantes para a tomada de decisões e oportunidades de melhorias, ou estão apenas gerando documentação infinita sobre essa dimensão irreal/surreal de processos fluxogramados e ilusórios? Quando é que os fluxogramas nos enganam? Sempre que eles representam a lógica e não a verdade operacional. Capacidade, tempo, custo, experiência do cliente, qualidade, nada disso vive na dimensão da lógica. A realidade é cruel e precisa ser considerada. Enquanto buscarmos na ilusão dos fluxogramas a representação da verdade, estaremos, cruelmente, nos enganando e enganando as nossas organizações. Nunca mais seja enganado pelos fluxogramas! Antes de finalizar, e só para deixar alguns números de “alento", quero dizer que, aplico essa técnica há mais de 8 anos e já a ensinei para mais de 2000 profissionais e em dezenas de projetos em organizações. Ou seja, não sou um lobo solitário da modelagem da verdade. Essa abordagem já é uma realidade, mas precisa de novos adeptos e apoio constante na divulgação de resultados. Esse é um dos motivos de escrever esse novo livro. Espero que gostem e apliquem. O resultado é fantástico e revolucionário. Pode acreditar. P.S. DEVIDO AO NÚMERO E RUMO DOS COMENTÁRIOS NO LINKEDIN, PRECISEI INCLUIR UM COMPLEMENTO AO POST Acho que não fui claro o suficiente, e talvez não seja possível em um texto tão curto. Aparentemente, algumas pessoas não estão entendendo a ideia. Quando vejo um fluxograma, preciso perguntar: Qual o seu objetivo? Se o objetivo é representar uma lógica de realização, apenas informativa e para extrair algum conhecimento de colaboradores e sistemas, ok, até tem alguma utilidade. Pouca, mas tem. Como alguns diriam, é melhor do que nada. Se o objetivo é representar um processo para torná-lo o padrão de trabalho, e pior ainda, utilizar essa representação como orientação gerencial em avaliações, aí não tem jeito. Desculpe a sinceridade, mas essa não é a melhor opção. Não é neste artigo que vou te ensinar a utilizar BPMN além da visão "fluxograma". E sim, na prática, fluxograma é um estilo de modelagem e muito utilizado para representar lógica. BPMN é muito mais poderoso que isso. A ideia não é julgar o estilo "fluxograma" e culpá-lo por todo o péssimo resultado nas organizações atuais. Não é isso. O livro, e não esse breve post, vai mostrar como avançar para o século XXI na sua modelagem de processos e utilizar BPMN sem que toda e qualquer representação de processos continue igual a tudo que já foi feito anteriormente, inclusive pintando células de planilhas, modelando em powerpoint, em Visio e outras ferramentas que - hoje - são totalmente anacrônicas. "Fluxogramar" é uma forma de representar processos seguindo/segundo uma lógica de realização que, normalmente, não representa a realidade operacional. Esse é o problema. Não adianta tapar o sol com a peneira. Essa é a verdade. Basta visitar uma organização e você encontra essa abordagem / estilo como a dominante. Simples assim. Bom, não tenho condições de manter um debate ou aula por comentários, por isso, agradeço a participação e peço que esperem o livro para tirar melhores conclusões. PS. Para quem quiser "provar" o gostinho da verdade em processos, também ensino essa técnica em meus treinamentos. Pode perguntar para quem já participou... :) Grande abraço para todos! Esperem pelo livro! Gart Capote |
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